Casamento: Sim ou não? Eis a questão!

Minas Noivas 06/02/2022

Casamento: Sim ou não? Eis a questão!

Casamento realmente é algo a ser levado a sério e deveria ser considerado por todos como algo para toda vida. Por esse motivo, muitos casais chegam próximos do altar, mas na última hora um deles desiste da união. Esse processo se torna muito doloroso pelo menos para uma das partes e leva a reflexão sobre todos os anos investidos no relacionamento.

Pensar sobre esse tema é algo muito complicado, pois vários aspectos da relação devem ser levados em consideração.

Hoje, o Minas Noivas convidou o professor de filosofia para nos ajudar a elucidar alguns dos aspectos que se relacionam a um possível rompimento do casal antes de seu casamento. Para facilitar a leitura, vamos separar cada um desses pontos em tópicos, assim você poderá situar-se melhor em seus argumentos.

Por qual motivo alguns relacionamentos podem não chegar ao casamento?

1. O caráter do parceiro não corresponde ao de marido ou de esposa.

Alguém que realmente quer se casar é alguém que realmente quer pertencer a outra pessoa pelo resto de sua vida.

Normalmente, a juventude procura entender o seu momento como um período para aproveitar o tempo de solteirice e, somente depois de um bom tempo, se engajar em um relacionamento duradouro. No entanto, há pessoas que não compreendem que a vida do homem e da mulher é feita de fases e que é necessário passar de fase para que possa experimentar tudo o que a vida pode lhes oferecer. Essa nova fase é o casamento, mas há pessoas que não aprenderam a refletir sobre essa realidade e, quando entram em um relacionamento sério, continuam suas vidas como se fossem pessoas solteiras. Quando isso acontece, começa a manifestação de problemas que podem ser relacionados ao caráter.

O caráter do ser humano se refere aos princípios que os mesmos observam ao viverem suas vidas, seus valores, aquilo que considera importante, suas prioridades. Nesse sentido, seu futuro esposo ou esposa deve entender que, no casamento, as prioridades mudaram: o seu marido/esposa deve ser sua prioridade de vida.



Na natureza dos problemas de caráter podem se manifestar de duas formas: por ignorância e por cultura. Quando o comportamento errado de seu parceiro se dá por ignorância basta que haja nele interesse de aprender o certo, melhorar e se adequar a uma nova postura. Nesse caso o relacionamento sempre poderá ser corrigido. No entanto, devido a dificuldade de adaptação das pessoas e a força do hábito em acreditar em ideias erradas, seria interessante o casal ser acompanhado por um especialista  em aconselhamento ou por um casal de referência.

O ponto mais crítico é o comportamento por uma postura cultura. Isto é, seu parceiro tem um caráter aprendido sobre o que é certo e errado de forma imutável. Ele não quer aprender a ser moderado, não leva em consideração a opinião do outro, considera-se dono de si, é egoísta por natureza, somente a sua palavra tem valor, tem uma inclinação natural, persistente e definida para infidelidade ou, com frequência, torna-se alguém violento ou apresenta hábitos incompatíveis com a vida a dois. Nesses casos, o rompimento antes do casamento é um favor feito ao outro, pois ele seria ainda mais doloroso após anos como marido e mulher.

2. A real motivação da relação não foi o amor.

O que é o amor? Alguns dizem que amar é fazer uma escolha. Se partirmos do pressuposto de que tudo na vida é uma escolha esse ponto de vista torna-se redundante.

Na verdade, o amor é uma prática. Aquele que ama expressa sua escolha de amar de forma efetiva: tocando, falando, se dando e recebendo do outro algo, gastando tempo juntos. Tudo isso é o que efetivamente expressa a escolha e o sentimento de amar.

Assim, quem mais sente que ama, mais pratica o amor. Porém, quem deixa de praticar o amor, deixa de sentir que ama e isso pode enganar o casal, gerando uma percepção de que o amor acabou. O amor não acaba, mas a falta da prática do amor pode gerar uma impressão falsa ao casal e levar os mesmos a algum tipo de crise que leve ao fim do relacionamento.

Desde a antiguidade as pessoas não se casam necessariamente por amor, mas por algum tipo de interesse ou fantasia. O próprio rei Salomão dos tempos bíblicos, entre suas 700 esposas, tinha como esposa a filha do Faraó do Egito, que para ele funcionava como um pacto de paz entre os dois povos.

Um relacionamento por interesse só será levado a frente enquanto o mesmo interesse permanecer vivo na parte que o manifestar. Quando essa pulsão morre o relacionamento também deixará de existir. Sorte de quem o perceber antes da assinatura dos papeis.

De forma muito parecida é o relacionamento por uma fantasia. A fantasia é um tipo de interesse ilusório. Ela não é um interesse por algo além do amor, mas uma ilusão que se assemelha ao amor, mas está firmada em uma realidade artificial, uma percepção enganosa do outro. Essa é a história do aluno que se apaixona pela professora, da adolescente que acha que ama o vocalista da banda e não a pessoa que, além de muitas coisas, compõe um grupo musical. Relacionamentos assim só irão durar até que o sentimento de paixão hiperbólica fantasiosa também desaparecer.

Problemas factuais se referem a situações específicas, fatos que ocasionaram problemas entre o casal e  que podem levar ao término de um relacionamento.

Para um melhor entendimento deste ponto permita-me uma pequena estória:

Marilha, noiva de Alexandre, chega a casa de seu noivo levada por um carro de amigo. Alexandre, distante do carro a ponto de não ser visto por Marilha, observava a noiva sair do veículo. Do ponto de vista de Alexandre, Marilha conversava com o motorista de forma muito próxima: ela sentada no banco traseiro e o motorista com seu rosto virado para trás dava impressão de que os mesmos estivessem se beijando. Alexandre, muito incomodado com a situação, espera Marilha sair do carro e a briga começa por uma percepção errônea da realidade.

Brigas como essa podem gerar o fim do relacionamento, mas será que um problema factual pode justificar tal atitude?

Na estória apresentada o problema foi o ciúmes de Alexandre, pois Marilha de fato não havia feito coisa alguma. Apenas o ponto de vista de Alexandre o fez ter uma má interpretação da circunstância. Nesse caso, o problema é factual: o ciúmes de Alexandre foi ativado por um erro interpretativo e não por um hábito comum de se comportar sempre assim.

Se a estória fosse diferente – Alexandre somente houvesse sido informado de que sua noiva estivesse dentro de um carro qualquer e isso já fosse motivo para brigas – poderia manifestar um problema de caráter: Alexandre tem ciúmes obsessivo-compulsivo. Isso é de fato motivo para que Marilha dê o fora do relacionamento.



Antes de terminar um relacionamento por um problema qualquer pense: esse problema é factual, tem por trás um fato que o sustenta ou tem origem no caráter de meu companheiro/companheira? Se for um problema de caráter você deve cogitar a possibilidade desfazer seus planos de casamento com essa pessoa, pois corre grande riscos de vivenciar abusos constantes e viver sob diferentes formas de opressão durante muitos anos.

4. Falta de Valorização do Matrimônio

Valorizar o matrimônio é entender a importância de seu ideal:  a formação de nova família. Casais bem-sucedidos no amor entendem que essa instituição não deveria se desfaz por motivo algum. A exemplo disso temos as relações entre irmãos, eles podem vivenciar brigas e desentendimentos, mas não deixam de ser irmãos. A relação deles pode se tornar em alguns momentos tortuosa, mas seu vínculo é eterno e a tendência é que o tempo sempre ajuste sua situação. Assim deve ser a mente de quem pretende-se marido ou esposa: Se há um problema o mesmo deve ser resolvido sem deixar abertura para qualquer tipo de ruptura entre o casal.

Casar-se com alguém que já prevê o divórcio como possibilidade é se arriscar em uma grande aventura. Por isso, seu par ideal deve assimilar a importância dessa escolha, entendendo que ela precise durar para sempre. Isso é valorizar o matrimônio.

Para quem valoriza o matrimônio nenhum problema vivido será capaz de influenciar a união do casal. Assim, antes de se casar, pergunte-se se seu parceiro um dia poderá te deixar ou se ele efetivamente valoriza o que vocês pretendem fazer juntos.

Ernane Léo é Mestre em Filosofia, Professor, Pastor da Igreja Batista, Bacharel em Teologia e Comunicação.
Categorias : Casamento
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